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Porque voto em Dilma Rousseff e também porque não voto em José Serra

Quando as calúnias, os preconceitos, o chavão e a preguiça mental atacam…só nos resta ser mais sinceros, pacientes, dialogar mais, explicar nossos argumentos, dar a cara para bater e colocar nossa sinceridade a serviço do que acreditamos. Acompanhei, vi e vivi os governos de FHC, Lula, Marta, Kassab, Serra e Alckmin. Conheço as biografias, propostas e realizações deles. É com o aprendizado, conhecimento da minha vida que decido meu voto. E assim que deve ser. Não com preconceitos ou ignorância.

Defendo a eleição da Dilma Roussef e voto nela. Pela evolução desse governo em relação ao anterior em várias áreas – inclusão social, economia, cultura, ciência e tecnologia, política externa, infra-estrutura, universidades etc…Estou disposto a debater e mostrar os avanços em cada uma dessas áreas, com quem quiser (alguns temas quero tratar nesse blog).

E também poque este governo foi mais democrático, abriu para participação, em conselhos da sociedade civil e conferências temáticas, de vários setores da sociedade (inclusive, e muito, os empresários) nas decisões governamentais.

 

 

Dilma e Lula

Dilma e Lula

 

O governo deu um show, por exemplo, na defesa do Brasil durante a crise econômica mundial de 2008, enquanto em 1999, governo do PSDB/Fernando Henrique/José Serra, o Brasil CAUSAVA crises mundiais. É importante dizer que nossa situação econômica era péssima em 2002, fim do govenro FHC. A imprensa brasileira tem tratado a grave crise econômica mundial como coisa menor, e o que o governo brasileiro fez como banal. Quem lê inglês e a imprensa estrangeira sabe que não é nada banal o que Guido Mantega, Henrique Meirelles, Lula e Dilma coordenando o governo, fizeram.

O resultado desse bom trabalho: o Brasil nunca cresceu tanto, teve tanto emprego, foi tão respeitado no exterior, ou os pobres nunca melhoraram tanto de condição de vida (mesmo com muito a ser feito). Tudo isso com liberdade de expressão (a imprensa bate no governo, e muito), religiosa, eleições livres etc…Como deve ser.

Estou ciente que o governo e o PT são cheios de defeitos, mas o PSDB tem os mesmos, mesmos defeitos (alianças bizarras, corrupção etc…), e menos respeito institucional (o FHC mudou a constituição para se beneficiar, diferente de Lula, que não disputou o terceiro mandato.), menos defesa do nosso país , do seu patrimônio e menos empenho no combate à pobreza (em 16 anos no governo estadual de São Paulo, parece que até hoje o tema não virou prioridade aqui).

O PSDB também é menos fiscalizado pela imprensa, ou seja, no final das contas, se você for pensar, o PT estimula mais a liberdade de imprensa que o PSDB. A imprensa adora fiscalizar e criticar o PT, e isso o obriga o partido e os governos administrados por ele a terem limites, a ser cada vez melhor. Diferente do governo de São Paulo, que abafa CPIs e não tem que dar explicações de suas políticas, e falta de políticas, públicas.

Imagine quanta restrição existe, indireta ou direta, no jornal Estado de S. Paulo para fiscalizar quem os donos do jornal, em editorial, chamaram de “homem público exemplar”? A melhor coisa para nós, cidadãos, é a imprensa fiscalizando o PT. Por exemplo: o governo melhorou muito depois que Zé Dirceu e Antonio Palocci caíram com o mensalão e foram substituídos por Dilma e Guido Mantega.

Vale falar também porque eu não voto no Serra, especificamente, o que envolve traços pessoais peculiares dele: acho ele mentiroso (além do normal, mesmo para um político), de um ego descontrolado e dono de uma ambição desmedida. Não vou entrar aqui nos casos enrolados em que ele esteve envolvido, nas bobagem que ele disse, dos dossiês armados até contra aliados, ou nos jornalistas que ele pediu para serem demitidos, ou nas relações perigosas com Daniel Dantas e Gilmar Mendes, ou nas contas de dividir errada que ele fez em uma sala de aula… (de novo, posso fazer isso, a pedidos). Para mim, e porque eu não me conformo, bastaria o vídeo abaixo, onde ele assume o compromisso, que depois assinou e firmou em cartório, de ficar seu mandato completo na prefeitura de São Paulo. Ele saiu em menos de 18 meses para ser candidato a governador (cargo que ocupou o tempo inteiro pensando em ser presidente…), deixando o Kassab aqui… Para mim o vídeo abaixo prova que eu não posso acreditar em nenhum compromisso dele, em nada que ele diz em debates, programas eleitorais, entrevistas ou discursos. Nem sobre o pré-sal, a Petrobras e demais privatizações (essa nova dele que vendeu a Nossa Caixa para fortalecer o Banco do Brasil é de ofender a inteligência de qualquer um), nem com a manutenção do Bolsa-Família (diga-se de passagem, porque todo mundo que é contra o Bolsa Família vota nele?). O sujeito fala qualquer coisa, faz qualquer coisa para cumprir sua obsessão de mais de 45 anos (medo!) em ser presidente. O tal “preparo” que ele fala é ambição em tomar o poder, não a humildade necessária para exercê-lo.

E assim, entramos na razão que fortaleceu ainda mais a minha convicção da necessidade de derrotar o Serra. Nessa campanha, nem é o PSDB, mas José Serra e o seu vice, e isso me surpreendeu, tem apelado descaradamente para o machismo, o fanatismo religioso a ameaça de restrição dos direitos dos homossexuais e demais medos e preconceitos, principalmente da classe média.

É um falso debate de uma hipocrisia sem limites, um oportunismo eleitoral nojento jogando com coisas perigosas. O Serra consegue ser pior do que o Alckmin, que muito mais religioso que ele, nunca apelou para isso (aliás, o Serra para mim conseguiu o feito de  um governo estadual pior que o do Alckmin). Bem, nem isso é exatamente novidade. Quer dizer, o caráter moralista, preconceituoso e religioso é novidade sim (o machismo ele já tinha usado e abusado contra a “Dona Marta”). Mas quem foi mesmo que sacou o medo na eleição de 2002? Veja o vídeo abaixo. Veja como a Regina Duarte fala que o outro candidato, o Lula, se tornou “desconhecido”, um rico e que votar em outro que não o Serra é “perigoso”. Você tem razão em uma coisa Regina. Do Serra a gente sabe o que esperar. Todo o tipo de golpe baixo na luta pelo poder. Inclusive usar todas as armas disponíveis para incitar o ódio enquanto pela frente posa de simpático candidato da “união”.

 

 

PS: quero adicionar ao post esse simpático infográfico do @ilustrebob Muito legal e muito ético

 

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Veja e a liberdade de “prensa”

Não li, nem vou ler, a matéria da Veja sobre os supostos ataques a liberdade de imprensa feitos pelo PT/Lula/governo (devem estar se referindo às críticas contra a cobertura eleitoral e escândalos de corrupção).
Vou só aproveitar a oportunidade para explicar o pouco que sei de como funciona a liberdade de imprensa dentro da Veja. Essas informações são de alguns anos atrás, talvez tenha mudado, acho que não.
Os repórteres apuram as matérias. Mas não escrevem matérias, e sim relatórios, enviados aos editores. Os editores, em espaço separado dos repórteres, escrevem o texto, dando aquela famosa cara de que toda a revista foi escrita pela mesma pessoa, com o mesmo estilo.
O repórter, ou os repórteres, que apuraram os fatos só vão ver o texto já diagramado e com fotos, igual vai sair na revista, quando ele sair de uma impressora dentro da redação. Eles ficam lá, aguardando (aguardar é uma atividade comum lá dentro) para ver o que vai sair, tirar alguma dúvida do editor ou dos checadores de fato, e corrigir algum erro daqueles erros que eles corrigem (grafia de nome, por exemplo).

Essa é a liberdade de expressão da Veja.Os editores invertem coisas apuradas, colocam ali suas teses, opiniões, piadinhas etc…
As matérias que não são assinadas, ou foram apuradas por muita gente ou o repórter pediu para ter seu nome tirado da matéria. Mas atenção! Cada vez que um repórter pede para não assinar algo ele se queima um pouquinho dentro da redação da Veja. Ele tem que entrar entusiasmado e seguir o modelo de produção da “maior revista do Brasil”. Um recém-entrevistado para trabalhar lea foi avisado antes de entrar para trabalhar na revista, em termos amis ou menos assim, que a Veja “altera texto mesmo, tem inimigos mesmo, tem opiniões mesmo” (estou reproduzindo de memória o que quem passou pela entrevista me disse, faz tempo). No primeiro texto que ele fez e colocaram o nome dele, ele disse que o que saiu era o exato inverso do que havia no relatório da apuração.

Lembro de quatro amigos que saíram da revista. Para todos a Veja foi uma experiência pesada. Todos ficaram mais joviais, alegres e bonitos depois de saírem de lá. A frase que mais me marcou foi a de uma delas que disse “em algumas matérias que eu fiz eu me senti estuprada”. Ela não se sentiu ofendida, com seu nome mal usado. Ela se sentiu, veja o termo, violentada.

A Veja tem uma estrutura imensa de repórteres, fotógrafos, diagramadores e checadores de fato a serviço de meia dúzia de teses, preconceitos e posições dos seus editores, do Reinaldo Azevedo e do “seu” Civita, herdeiro dono do negócio. Se os fatos entram em conflito com as teses, danem-se os fatos. É liberdade de imprensa que não acaba mais para quem pode mandar. Liberdade poética, dos fatos, da realidade…Quem te juízo, assina o texto e fica quieto. É assim a liberdade de “prensa” da Veja. De prensar quem bem quiser e ignorar o que quiser.

Por exemplo: a capitalização da Petrobras (a maior do CAPITALISMO) atraiu dezenas de bilhões para novos investimentos no Brasil. Vai ter impacto no rasil pelas próximas décadas. Não tem uma matéria na edição impressa. Quando os tucanos traziam “bilhões” para as privatizações (o grosso da grana era do BNDES e fundos de pensão) a Veja gozava e colocava na capa. Se FHC tivesse feito essa capitalização (não que tivesse capacidade de construir algo assim) não seria capa com 30 páginas de louvação?

Veja não é tão importante quanto parece, nem essa discussão atual sobre liberdade de imprensa vai dar em muita coisa…Porque na realidade, não tem imprensa nenhuma sendo “atacada” (criticada sim), nem risco real de ameaças contra a democracia ou de efetiva manipulação eleitoral por parte da imprensa. A democracia está tão estabelecida, que podemos nos dar o luxo de fingir que não, como um hétero travestido de mulher no carnaval jamais será questionado na sua opção sexual.

O que existe é muito bafafá para já tentar enfraquecer um governo Dilma que controlará o congresso e evitar assim mudanças de legislação ou um aumento ainda maior de poder do PT.

Não vou então nem para eventos contra a manipulação da imprensa, nem para eventos a favor da “democracia” em clubes militares. Mas quando tiver algum evento para defender a verdadeira liberdade de imprensa e diversidade dentro da Folha, da Globo ou da Veja, pode me chamar que eu vou.

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Marina Silva e os corredores quenianos

Você pode estar empolgadíssimo com a candidatura Marina Silva. Desculpe estragar sua ingenuidade, mas…

– Qual a melhor maneira do Gabeira e do Penna usarem o PV para ajudar a candidatura José Serra? Dando 30 segundos de TV e uma estrutura mínima, ou rachando a esquerda, constrangendo o PT e a Dilma, e colocando na disputa uma mulher (Marina Silva) para confrontar outra mulher (Dilma) deixando o ambiente em debates e na mídia melhor para o Serra?

– Essa estratégia não lembra muito a mesma usado por Serra/Kassab usando o PPS para lançar a Soninha contra a Marta Suplicy (mulher X mulher)? O mesmo convite para alguém do PT ser candidato por um partido “auxiliar”, a mesma liberdade para fazer uma campanha “diferente”, com “novos temas” e a mesma intenção de rachar a esquerda. Soninha hoje é subpfrefeita da Lapa, subordinada do secretário Andrea Matarazzo, que por sua vez é subordinado do Kassab, que por sua vez é o principal aliado do…Serra.

– Quem quiser ser ingênuo pode acreditar que o Penna, presidente do PV e vereador da base do Gilberto Kassab (DEM), e que Fernando Gabeira, que quer ter o apoio e apoiar, simultaneamente, José Serra e Marina da Silva não fizeram isso no mínimo (e coloca mínimo nisso) com a autorização do José Serra.

– Marina Silva quebra a esquerda e consegue votos no Rio e no norte do país. Sua imagem certamente pega votos no nordeste e dificulta o uso da história de vida do Lula no apoio à Dilma. Melhor para Serra. Isso tudo acontece e ao mesmo tempo que ela JAMAIS terá chance de ser eleita. Prestem atenção: JAMAIS. E abre uma vereda de críticas a Dilma (corrupta, antiquada, inimiga do meio ambiente). Ou você acha que o principal alvo de Marina na campanha seria o Serra ao invés do governo que existe?

– Por que jamais? ONG não é setor social (trabalhadores, setores do capital ou máquina do estado), não é capaz de definir eleição. Marina não é Obama (ela mesmo sabe disso). Obama se propôs a fazer uma campanha abrangendo TODOS os principais temas para os americanos. Não fez uma campanha em cima de um tema (no caso da Marina, meio ambiente). Por mais importante que seja o tema, não é suficiente, não tem essa maturidade nem aqui, nem em lugar nenhum (deve ter no futuro, mas não hoje e aqui). Nem preciso dizer que o PV também não é o Partido Democrata, nem Lula é Bush Jr.

– Depois da eleição, o PV volta a ser o patético PV e Marina estará com o mesmo papel. Isolada e fora do menos pior dos grandes partidos do país (o PT), que no Acre reúne todo o seu grupo político. A mesma situação que esfarelou Heloisa Helena e transformou Soninha em suco. Ambas até então eram boas alternativas de renovação na política (e Heloísa Helena foi expulsa do PT). Mesmo a Marina sendo muito mais densa, menos personalista e mais embasada, e mais legal que as outras duas.

– Eu adoraria que ela escapasse dessa arapuca e desse um entorta nesse pessoal e negociasse dentro do PT um novo status e um novo papel para a questão do meio ambiente e desenvolvimento sustentável dentro do partido e da candidatura Dilma (mesmo sabendo que isso é difícil também). Que usasse este convite para ser mais malandra que os malandros que a convidaram.

– Marina Silva candidata é a melhor notícia dos últimos tempos. Para a esquerda? Para uma alternativa real de governo em 2010? Para a criação de um partido com projeto nacional viável a esquerda do PT? Não. Para o José Serra e seus aliados. Ah, e aliados do Serra inclui, por exemplo, a senadora Katia Abreu e a CNA, “grandes” amigos do meio ambiente.

– Os corredores quenianos trabalham em equipe nas provas de longa distância. Eles mandam um corredor disparar na frente no começo da prova, o chamado “coelho”, para enganar os competidores, forçando-os a gastar mais forças no começo da corrida. Na hora agá o “coelho”, que entra para perder, desacelera e o verdadeiro membro da equipe que está lá para ganhar aperta o ritmo, ultrapassando os que foram enganados pelo “coelho”. Marina Silva está sendo convidada a ser a coelhinha das eleições 2010. Pena. Quer dizer, Penna.

PS: No exemplo abaixo, para mostrar como funciona o coelho, Marina é representada pelo corredor número 36. E o momento em que ela sai da prova é na passagem do primeiro para o segundo turno.

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