Essa semana está acontecendoo Fórum Social Mundial, em Dakar, e a Social Media Week, em 9 cidades diferentes (mais algumas edições menores) e na web.
Ou seja, no mínimo eu queria estar em 10 lugares diferentes! (no mínimo porque tem a Praça Tahir no Cairo, alguma praia etc…).
Mas claro, eu não posso. Porém dá para acompanhar quase tudo da Social Media Week, do mundo inteiro, pelas próprias redes sociais e em vídeo das palestras…
Eu sei que é sacanagem comparar, e é fundamental algo como o Fórum Social Mundial acontecer em Dakar, onde a internet deve ser uma porcaria etc…mas como a esquerda tem entre seus objetivos compartilhar, comunicar, e ampliar…devia prestar atenção também ao que acontece na Social Media Week, muito além de ser um evento corporativo (ou por isso mesmo)
A maior parte da esquerda parou nos boletins e grupos de discussão por e-mail (e tem quase um fetichismo neles) como se fossem a última bolacha do pacote.
Não toda claro, mas é impressionante como as discussões em fóruns novos e “corporativos”, “geeks”, “alternativos”, TED e toda uma cena de produção de conhecimento diferente da academia/fóruns tradicionais de esquerda discutem e avançam questões da mídia social enquanto muita gente que tem objetivo sociais (e não mercantis) trata tudo isso como um bicho estranho.
Quando toda esses conceitos de internet 2.0 e mídias sociais vieram muito da própria esquerda, do anarquistas Indymedia em 1999 (claro que por outro lado são a simples evolução dos fóruns de discussão…). Conheci o Indymedia na época e pensei “como assim um site onde qualquer um pode postar o que quiser”?
Colaboração, compartilhamento, conhecimento livre, transformar cada indíviduo/organização em um editor/produtor de mídia deveria ser uma coisa que a esquerda deveria tratar com menos preconceito e mais interesse. Na realidade, porque essas discussões e ferramentas estão levantando novas questões inclusive para as dinâmicas políticas esquerda X direita, capital X trabalho, tornando essa relação complexa ainda mais complexa (não estou dizendo a bobagem de que esses conflitos acabam).
Indymedia, manifestações anti-globalização, revolução no Egito e na Tunísia, Wikileaks… claro que também tem o controle da internet na China, o medo da perda da privacidade, a venda de informações, as novas patologias psicológicas…e os excluídos do mundo das redes, os mais vulneráveis ainda mais vulneráveis.
Cada vez existema menos divisões entre fenômenos fora ou dentro da rede (on e off line). Com os novos celuares a rede se sobrepõem as atividades cotidiana, com a rua, e os melhores especialistas em redes sociais já dizem que é bobagem pensar e executar redes sociais como uma coisa “a parte” (e as maiores, ou ao menos as mais espertas, empresas de comunicação já perceberam isso).
Mas esses terrenos novos, áreas de conversa, potencial de transparência também dos poderosos etc…Essa área onde tecnologia, organização social e comunicação se integram em possibilidades de conhecer pessoas, colaborar, trocar ideias, aprender coletivamente…
Tudo isso é fascinante e uma revolução em si mesmo.
Basicamente dois mundos pelos quais passei, muito diferente e que acharia legal ver mais troca entre eles…(ou ao menos eu seguir entre eles 🙂
Porque há muito o que se aprender dos dois lados questões muito interessantes, como esse bom estudo (ainda que algumas observações sejam bem simplórias) da agência JWT sobre a relação entre mídias tradicionais e sociais mostra (adoro o slide 27!)
E potencialidades, como mostra essa palestra sobre o poder do compartilhamento feita na Social Media Week Nova York.