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O “método” Mainardi

Diogo Mianardi anda meio triste. Ele não faz mais o barulho que fez um dia. Reinaldo Azevedo roubou parte do holofotes do mundo das trevas. Então é natural que ele fique feliz quando acha um tema precioso ao seu método de trabalho. Esta semana foi Chico Buarque.

Mainardi funciona assim: ele acha algo que sabe que vai causar raiva, aperta ali e espera a reação revoltada com o artigo para se valorizar. Já fez isso com o futebol brasileiro (disse que não sabíamos jogar), com o maratonista Wanderlei Cordeiro de Lima (que segundo ele não teria ganho a medalha de ouro na Grécia mesmo se o padre irlandês não tivesse se jogado nele) e a cidade de Cuiabá (dizendo que pagaria para não visitá-la).Fez isso também com o Elio Gaspari. Que deu a melhor resposta possível para ele: nenhuma.

Esta é sua “estética”. Dela derivam obras de uma simplicidade primária como “Contra o Brasil” e “Lula é minha anta”.

É um sisteminha simples e infantil e Mainardi só pode ser entendido assim, se você perceber que ele e sua obra são todas infantis, de garoto mimado. Esta semana ele “pega” Chico Buarque (e de quebra Milton Hatoum), porque sabe que ele é um ícone respeitável, melhor ainda que é de esquerda, melhor ainda que mais bem sucedido do que ele em uma área que lhe é cara (literatura), e o chama de “fraude”. Baseado (e “escudado”) na opinião de uma escritora irlandesa Edna O´Brien.

Da obra literária de Chico Buarque só li “Leite Derramado”. Não gostei muito. Mas também não chega a ser fraude. E é claro que Buarque se beneficia ao entrar na literatura de toda sua história e grande obra como compositor. Mas isso é mérito dele. E tomar a opinião de uma escritora irlandesa como “verdade” ou “revelação”, bem, quão ridículo é isso?

Mainardi trabalha este esqueminha dele. É uma fraude. Uma fraude profissional, cotidiana e recorrente. Fraude é seu trabalho e por ele é bem pago. Como é tão bom profissional da fraude (será por isso que Daniel Dantas gosta tanto dele?) a faz de maneira séria. Sobra assim para Mainardi ao menos o benefício do paradoxo de ser uma fraude elevada à arte. Como ele mesmo diz na última frase de seu texto “neste país fraudulento, o que mais espanta é a facilidade para enganar a plateia”. Tem razão. Fica a pergunta: onde mais Mainardi poderia ser tão bem sucedido fazendo o que faz? Este é outro paradoxo divertido em relação ao playboyzinho: só no Brasil ele poderia desenvolver tão bem sua carreira de falar mal do Brasil de forma tão pré-primária.

PS: Flávio Moura, entenda o texto assim: o Mainardi quer ser convidado para a próxima edição da Flip.

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