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Naomi Klein sobre a cultura do risco

A palestra foi colocada no site do TED hoje, sem legendas ainda em português. Mas vale a pena para quem entende inglês ouvir a Naomi Klein sobre como nossa cultura/sociedade tem uma cultura de risco que coloca o planeta…em risco. E como isso tem a ver com narrativas.

Um bom jeito de começar a executar a resolução de 2011 de deixar esse blog mais ativo.

 

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Burle Marx e a natureza da arte

A exposição em homenagem aos 100 anos de nascimento de Roberto Burle Marx entra na sua última semana aqui no Museu de Arte Moderna de São Paulo, depois de ter sido exibida também no Rio de Janeiro. É imperdível. Poucas vezes vi questões políticas, artísticas e  ecológicas (existenciais também, mas aí vou assustar) se mostrando de forma tão integrada e interessante.

Reportagem de Gisele Kato na Bravo “contempla a minha fala”. Mas o melhor estilo assembléia estudantil quero falar coisas que estão lá com minhas palavras 🙂

Primeiro, a obra-prima que é a peça de tapeçaria feita para a prefeitura de Santo André. A gente vai até a Espanha para ver obras de Miró e deixa passar uma dessas na Grande São Paulo.

É uma visita e uma aula fantástica de como arte e ciência, trabalho e criatividade criam uma obra que é uma metáfora de como se “faz” um país. Antes de Burle Marx, como aponta o curador da mostra Lauro Cavalcanti, o paisagismo nacional ignorava as plantas brasileiras, era uma cópia mal feita do europeu.  Havia uma riqueza de conhecimento, formas, cores, possibilidades na flora local. E descobri-las foi uma tarefa de engenho, suor e arte. A invenção do nacional (que acabou renovando o paisagismo mundial) foi possível não por xenofobia, mas ao contrário, justamente por conta do estudo da arte moderna, como bem mostra a obra ao casar o trabalho do pintor, e escultor, e mostrar como este inpirava e era inspirado pelo trabalho do paisagista.

E que arte incrível pode ser esta, o paisagismo, não? O que sempre parece uma coisa de madame a primeira vista, uma opção vagabunda de quem estuda arquitetura, pode ser a bela união entre a biologia e a estética, a ecologia e as artes plásticas. Parece que ao escolher o paisagismo, Burle Marx dá um passo para “trás”  nas artes plásticas mais tradicionais, a pintura e a escultura, para dar dois a frente, criando ambientes e experiências dinâmicas e interferindo nos espaços públicos, como se torna comum mais adiante na arte contemporânea. Como Kato diz em seu texto, no fundo ele antecipa a instalação. E talvez até supere este conceito, não? Porque o que ele faz não se coloca como uma espaço isolado de “arte”, ao contrário, ele está integrado ao ambiente (e ao meio ambiente).

Burle Marx fez parte da geração de “modernos”, que começa com a semana de 22 em São Paulo e avança a partir daí, que construiu muito da identidade brasileira. Inventaram um país que não vira as costas para sua diversidade e riqueza, nem para as reflexões de fora, mas que são lidas de igual para igual, não de forma submissa. Trabalharam para registrar os muitos folclores, as culturas indígenas e negras, a riqueza natural das florestas e do cerrado. Daí nasce a arquitetura moderna, a bossa nova, o tropicalismo e uma cultura sem medo de ser si mesmo, sendo mistura.

Esta batalha parece “vencida”, mas esta longe de ser tão simples assim. Este país interessante, e rico de saber, beleza e diversidade, é sempre ameaçado por uma ignorância que as vezes é explícita, as vezes se finge de cultura “erudita”, mas que sempre exerce o desprezo pelo que o cerca. Em um dos documentários exibidos na exposição, Burle Marx aparece do lado do geógrafo Aziz Ab’Saber, que fala que ambos se preocupam não só com o paisagismo de pequena escala, mas também o de “grande escala”, as grandes paisagens/ecossistemas naturais.

A ignorância – cultural, política e também ecológica- em geral andam juntas. Aqueles que desmatam dizem que estão “limpando” um terreno, e tem uma palavra só para a diversidade da floresta: mato. Eles estão simplesmente “limpando mato”. Esta ignorância é meio par com aqueles que desprezam a cultura brasileira como um todo, porque mestiça, porque renova a tradição, porque é popular, porque rebola e batuca. E com aqueles que interditam opiniões diferentes, ou a participação dos diferentes – sejam eles pobres, evangélicos, índios, negros, mulheres – porque são “ignorantes” e tem que se tutelados.

Enfim, melhor parar por aqui. Fica a dica de ir a exposição (ou se não puder, ler sobre Burle Marx e conhecer seu trabalho, passear pelos muitos parques que ele nos deixou) e aprender com sua generosidade a generosidade da beleza do mundo. Da arte da natureza e da natureza da arte,

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